
Desafios Políticos e Crescimento Econômico em Perspectiva
O continente africano enfrenta um ano repleto de desafios e oportunidades, onde a balança entre crises e crescimento econômico está em constante oscilação. Em diversas regiões, como na África Austral, especificamente em Moçambique, Zimbábue e África do Sul, a essência do contrato social tem sido moldada pela luta contra o colonialismo. No entanto, a atual geração se distancia progressivamente do passado, demandando abordagens distintas de seus líderes.
As eleições na África do Sul em 2024 estão posicionadas como um ponto crucial, com o potencial de direcionar um novo caminho para o país. Enquanto isso, no Sahel, a batalha pela democracia e segurança persiste, mesmo com os olhares globais voltados para a crise no Médio Oriente. No Egito, a perspectiva é de reeleição do Presidente Abdel Fattah al-Sisi, em meio a uma grave crise econômica assolando o país.
A República Democrática do Congo testemunhou um processo eleitoral, mas áreas da província de Kivu do Norte permanecem sob o controle de milícias. No Senegal, protestos em massa antecipam as eleições de fevereiro de 2024, pressionando o Presidente Macky Sall a retirar sua candidatura a um terceiro mandato, enviando o primeiro-ministro Amadou Ba para a corrida eleitoral.
A insatisfação popular com governos estabelecidos poderá resultar em transferência de poder para a oposição, como observado no Gana em dezembro. Neste país outrora próspero, agora afundado em dívidas e estagnação de investimentos, a qualidade de vida declina. A Economist Intelligence Unit (EIU) alerta para o risco global de diminuição das maiorias parlamentares, complicando a governança e aumentando agitações sociais, um cenário que se desenha em lugares como Madagáscar e países do Magrebe, como Argélia e Tunísia.
A instabilidade política na África Ocidental persistirá, especialmente na região do Sahel, que tem sido palco de diversos golpes de Estado desde 2019, incluindo Mali, Níger, Chade, Sudão, Burkina Faso, Guiné e Guiné-Bissau, tornando-a extremamente vulnerável.
Apesar desses desafios políticos, há uma tendência econômica positiva, trazendo um certo otimismo. Segundo a Economist Intelligence Unit, a África está prevista para ser a segunda região com maior crescimento econômico em 2024, logo após a Ásia, impulsionada pelo setor de serviços, especialmente na África Oriental.
Enquanto a inflação, um fator de pressão considerável em 2023, deve diminuir, continuará sendo uma preocupação para várias nações, incluindo Angola, Nigéria, Zimbábue e Etiópia, que, assim como Moçambique, enfrentam altos níveis de endividamento. A retomada do projeto de gás da TotalEnergies em Cabo Delgado, em Moçambique, um dos maiores investimentos estrangeiros diretos em África, está aguardada, assim como a anulação e reestruturação da dívida, destacando-se como questões críticas para o continente em 2024, de acordo com especialistas.