Cimeira da UA é “um grande teste” para os líderes africanos

Os líderes da União Africana (UA) iniciaram no sábado dia 17 de Fevereiro, em Adis Abeba, a cimeira anual da organização. Analistas preveem um encontro desafiante, numa altura em que aumenta a instabilidade em alguns cantos do continente.
Golpes de Estado ou tentativas de golpes, instalação de regimes militares, ressurgimento de ataques terroristas, aumento da instabilidade política, governativa e económica em várias regiões de África são alguns dos grandes problemas que o continente africano enfrenta.
Nos últimos anos, aumentaram ações que põem em risco a democracia e o Estado de direito em muitos países do continente e as organizações sub-regionais parecem estar sem poder fazer nada. Os chefes de Estado e de Governo dos 55 países membros da UA vão sentaram-se à mesa para debater estes e outros problemas.
A cimeira foi um grande teste para os líderes africanos. Será um encontro desafiante como tantos outros, mas com as especificidades de problemas em alguns cantos de África terem se agravado.
Na região da África Ocidental, a organização sub-regional Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) é fortemente contestada pelos Estados-membros, alegando que tem sido incapaz de resolver os conflitos regionais e de ser uma organização que não representa os interesses dos povos.
Blocos fragilizam UA
Para alguns analistas, o tema dos blocos regionais mereceu destaque nesta cimeira da UA. É necessário pensar e repensar se realmente vale a pena a África continuar dividida por blocos ou se deve-se também pensar numa perspetiva de desaparecimento desses blocos regionais e ter uma União Africana mais forte, atuante e mais presente dentro da política global continental. Por outro lado, a UA não pode ser uma estrutura continental forte, tendo países com enormes problemas de segurança e cumprimentos das normas democráticas.
Analistas referem ainda que a União Africana deve começar a pensar em atribuir a presidência aos Estados que têm sido exemplo em termos do cumprimento das regras democráticas. Só a partir disso que poderemos vir a pensar numa mudança da abordagem a nível daquilo que tem sido a política da UA face aos desafios atuais.
Em relação à escolha da nova presidência da UA esteve em disputa entre a Argélia e Marrocos. Vários assuntos marcaram a agenda da discussão em Adis Abeba, com destaque para a situação da paz, a integração regional e o desenvolvimento, que foram os principais temas definidos durante a presidência dos Comores e que não se concretizaram. O Presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, que esteve neste encontro, defendeu a necessidade de reformas na União Africana, que tem demonstrado uma certa incapacidade na resolução dos problemas do continente.

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